Contrabando Editorial

A Questão Chinesa

Ao longo do último século, a China tem sido um lugar de recorrente insurreição social. Das combativas greves gerais anticoloniais de 1925-1927 à mobilização em massa dos camponeses nos anos 1930 e 1940, incluindo as convulsões da Revolução Cultural e dos movimentos pró-democracia de estudantes e trabalhadores dos anos 1980, o povo chinês engajou-se repetidamente em lutas contra as desigualdades materiais e a opressão política. No entanto, desde a violenta repressão contra o movimento por democracia na Praça da Paz Celestial, em 1989, muitas pessoas na China, assim como internacionalmente, passaram a acreditar que décadas de rápido crescimento econômico sufocaram a resistência social. Isso não poderia estar mais longe da verdade: embora o Partido Comunista tenha sido vitorioso em extinguir uma oposição política sustentável, a resistência dos de baixo às injustiças e as reivindicações por maior igualdade social e econômica continuam sendo uma força poderosa na República Popular da China.

Trabalho e Revolta no fim de linha brasileiro

“Como escreveram os funcionários de uma livraria na carta que serve de mote a um dos textos deste livro, “o grande problema do fim do mundo é que alguém vai ter que ficar depois pra varrer”. A vida normal prosseguindo depois do fim da vida propriamente dita, eis o que está em jogo na centralidade negativa do trabalho investigada por este grupo de militantes na neblina. Aquilo que se chamaria outrora de mundo do trabalho é hoje o inferno do trabalho. Agora que não existe mais sociedade salarial, e muito menos nacional, o trabalho aparece na plenitude da sua negatividade: embora continue sendo central, não parece mais trabalho. Nem mesmo tem forma. As pessoas que ainda trabalham são apenas força de trabalho que pode ser descartada a qualquer momento. O desfecho é essa carnificina que estamos vendo, e da qual todo mundo sonha participar, esperando pela senha numa fila, no entanto semeada de dúvidas. Pois nessa fila há sempre os que não querem mais entrar. Eles ocupam o centro destes estudos. Costuma-se dizer que os antimovimentos sociais que emergem dessa recusa são explosões de tiro curto. Ou pior, não dão em nada. Mas por que teriam que dar em alguma coisa? Na conquista do poder? E continuar varrendo o mundo depois do seu fim? Para coletivos como este grupo de militantes, tais palavras de confiança na sobrevida a longo prazo perderam-se na névoa de uma outra era geológica. No mundo do fim que estão descrevendo, a história, que parecia estar de férias, voltou — e passou a sacudir tudo.”

(prefácio de Paulo Arantes)

Leitura do Mês

Conflitos De CLASSES

O Novo Curso

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O Novo Curso, de Leon Trotsky, desencadeou uma luta que marca a linha divisória na história do partido bolchevique. Depois de 1923 começa um período de agonia e declínio da revolução, se encerrando com a destruição das conquistas históricas de 1917. Uma vasta literatura de descrição, análise, exegese, apologia, crítica, elogio e condenação foi escrita para explicar esse segundo período, da ascensão do stalinismo. É surpreendente que somente agora, quase cem anos depois de escrita, essa obra de Trotsky seja publicada em português. No entanto, sem o mais atento estudo deste brilhante documento, é literalmente impossível atingir uma compreensão completa do que aconteceu na Rússia, de fato – e não é exagero dizer isso – do que aconteceu no mundo desde que foi escrito.

O Novo Curso é de 1923. Ele trata dos problemas fundamentais de um processo que ocorreu ainda antes, em 1917. A distância por si só seria suficiente para desfocar essas duas datas. Além disso, cem anos de transformações sociais turbulentas na Rússia provocaram nuvens tão densas de eventos que para restaurar os contornos do pano de fundo sobre o qual surgiu O Novo Curso, dedicamos textos ao bom propósito de tornar mais compreensíveis para o leitor atual os assuntos tratados por seu autor. Ao mesmo tempo, fornecerá materiais necessários para o teste científico mais rígido disponível na política – a afirmação da análise e previsão dos eventos, ou sua refutação. Este, o mais impiedoso de todos os testes, muito mais decisivo do que a popularidade momentânea, Trotsky passou por uma margem segura.

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